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Resumos
Conferências
O desafio de
transformar o Ensino de Física em uma vivência criativa,
orientada para a descoberta e a inovação, deu origem a um
programa de
pesquisa e desenvolvimento de novos experimentos de baixo custo,
voltados
para a realidade da maioria de nossas escolas. Pretendemos
descrever como se
deu este trajeto e realizar algumas demonstrações interativas
para ilustrar
o potencial da física de ampliar a nossa percepção do mundo a
nossa volta,
de forma lúdica e criativa.
Com os avanços tecnológicos e a crescente
necessidade de dispositivos cada vez menores (que tem seguido a
Lei de Moore) e mais sofisticados, estamos perto de atingir
limites físicos na fabricação/integração de dispositivos
baseados na tecnologia do silício. Isto, em parte, motivou o
aparecimento de uma nova área de pesquisa, genericamente
denominada nanotecnologia. Dentre as nanoestruturas mais
investigadas recentemente podemos ressaltar os nanotubos de
carbono e os nanofios de vários materiais. Neste seminário
apresentaremos uma revisão genérica dessa área de pesquisa, que
recentemente tem apresentado uma renovada atividade com a
descoberta de novas estruturas, dando enfâse nos aspectos de
simulações computacionais.
Discutiremos também as novas necessidades e desafios no
desenvolvimento de novas ferramentas computacionais para o
estudo de nanoestruturas, em especial a interface com ciência da
computação e sistemas biológicos.
A
Física da matéria condensada ocupa-se do estudo das propriedades
gerais dos materiais em estado sólido, como cristais, vidros ou
cerâmicas, abrangendo também o estudo da preparação destes
sólidos. A aplicação conjunta dos conceitos de física de
materiais, que abrange a área de crescimento de cristais e,
física óptica, que abrange o estudo de propriedades e efeitos de
fontes de luz, de transmissores de luz e de fenômenos e
instrumentos ópticos resultou no último século no
desenvolvimento de uma importante ferramenta tecnológica: os
lasers. Os lasers encontram nos dias de hoje aplicações nas mais
diversas áreas, tais como: na medicina (cirurgias), na
odontologia (prevenção de cárie), na indústria (solda, marcação,
corte e usinagem de metais e plásticos), no monitoramento
ambiental (sistemas LIDAR) e em pesquisas avançadas (geração de
radiação ionizante e fusão). Materiais conhecidos como cristais
laser ativos constituem o “coração” de lasers de estado sólido.
Estes materiais são obtidos em laboratório através de diferentes
técnicas de preparação as quais envolvem, processos de síntese,
purificação e solidificação na forma de monocristais. Cristais
laser caracterizam-se principalmente pela alta qualidade óptica
e por apresentarem dopagem uniforme, e em concentrações
controladas, dos chamados íons laser ativos. Os sistemas mais
conhecidos estão baseados na ação laser de íons de metais de
transição, como por exemplo, o cromo (Cr3+), e
elementos terras raras, como íons de Neodímio (Nd 3+).
Nesta apresentação serão discutidos métodos de crescimento de
cristais para aplicações ópticas, particularmente, para
aplicação em sistemas laser de alta potência com bombeamento por
lâmpadas, na forma de bastões de 6x100mm; bem como, cristais de
pequenas dimensões (da ordem de alguns mm a centenas microns),
utilizados em sistemas laser mais compactos, com bombeamento por
lasers de diodo. Como exemplo, serão discutidos resultados
recentes no processo de obtenção das matrizes LiSrAlF6:Cr3+
e LiYF4:Nd3+ na forma de cristais
volumétricos e fibras monocristalinas. (e-mail:
baldochi@ipen.br)
Laboratório Nacional
de Luz Síncroton
Palestrante:
Prof. Dr. José Antônio Brum (LNLS)
César Lattes e o Nobel
Palestrante:
Prof. Dr. José Maria Filardo
Bassalo (IF
- UFPA)
Um dos cientistas brasileiros mais conhecidos na
literatura da física mundial foi o físico Cesare Mansueto Giulio
Lattes – César Lattes - , nascido em Curitiba, capital do estado
do Paraná, em 11 de julho de 1924, e falecido em Campinas, no
dia 8 de março de 2005. A razão
de sua fama mundial é decorrente de sua importante participação
na descoberta da então partícula méson pí - hoje
denominada de píon - , uma das partículas elementares
constituintes da matéria. Logo depois de receber, em 1943, o
grau de bacharel em Física pela então Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLUSP), Lattes
começou a trabalhar, quer em Física Teórica, quer em Física
Experimental, com Gleb Wataghin, Mário Schenberg e Walter
Schutzer, físicos que ensinavam e pesquisavam nessa Faculdade.
Entusiasmado com a Física Experimental(pois conseguiu por em
funcionamento a câmera de Wilson que seu amigo e professor, o
físico italiano Guiseppe Occhiallini lhe deixara, ao voltar para
a Europa), Lattes seguiu, no começo de 1946, para a Universidade
de Bristol, na Inglaterra, para colaborar com o grupo de
pesquisa liderado pelo físico inglês Cecil Frank Powell, e do
qual faziam parte vários físicos, dentre os quais se destacavam
o inglês Hugh Muirhead e, inclusive, o próprio Occhialini, quem,
aliás, indicou Lattes a Powell. Esse grupo de pesquisas (mais
tarde conhecido como o famoso grupo de Bristol) fazia
experiências com emulsões nucleares expostas à incidência de
raios cósmicos. Foi, justamente, numa dessas experiências nas
quais emulsões nucleares (com boro, sugestão de Lattes, e sem
boro, normalmente utilizadas) foram expostas no Pic du Midi, nos
Pirineus, e no monte da Chacaltaya, nos Andes bolivianos, que a
partícula méson pí foi descoberta.
De posse desse resultado,
Lattes começou a materializar sua idéia de que essas novas
partículas poderiam ser produzidas artificialmente. Assim,
sabendo que a Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos
Estados Unidos da América do Norte acabara, em 1947, de por em
funcionamento o novo acelerador de partículas denominado
Sincrocíclotron, Lattes seguiu para lá com uma bolsa de estudos
da Fundação Rockfeller, cuja indicação havia sido feita por
Wataghin. Em Berkeley, com Eugene Gardner e alguns estudantes de
doutoramento, Lattes, entre 1948 e 1949, produziu
artificialmente os mésons pí. A descoberta do méson pí
teve grande repercussão mundial a ponto de ser atribuído a
Powell, o Prêmio Nobel de Física de 1950. Depois desse sucesso
em Bristol e em Berkeley, Lattes voltou ao Brasil e, juntamente
com algumas personalidades políticas e científicas
brasileiras(irmãos Lins de Barros (Ministro João Alberto, Nelson
e Henry), Antônio Aniceto Monteiro, Leopoldo Nachbin, Francisco
Mendes de Oliveira Castro, Elisa Frota Pessoa, Gabriel Fialho,
José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Lauro Xavier Nepomuceno, Euvaldo
Lodi, Almirante Álvaro Alberto, Mário Schenberg e José
Goldemberg) ocupou-se na criação de organismos para produzir,
organizar e fomentar a pesquisa científica, em particular, a
pesquisa física, tais como o Centro Brasileiro de Pesquisas
Físicas (CBPF), em 1948, o então Conselho Nacional de Pesquisas,
em 1951, e o Laboratório de Emulsão Fotográfica da Cadeira de
Física Superior do Departamento de Física da FFCLUSP, no começo
de 1960, da qual era titular. Nesse Laboratório, em 1962, Lattes
organizou o famoso Grupo de Colaboração Brasil – Japão
que teve a importante participação de físicos japoneses famosos,
dentre os quais se destacam o Nobel de Física (1949) Hideki
Yukawa e o filósofo de Ciência, Mituo Taketani.
Em 1967, Lattes transferiu-se
para o Instituto de Física da Universidade de Campinas e começou
a organizar o hoje famoso Departamento de Raios Cósmicos,
Cosmologia, Altas Energias e Léptons. Nesse
Departamento, Lattes deu continuidade à Colaboração Brasil –
Japão que, até o presente momento, tem apresentado
resultados importantes para a Física, tais como a descoberta de
uma série de eventos novos, do tipo bola-de-fogo ,
eventos esses resultantes da interação de raios cósmicos com
núcleos da atmosfera e observados na câmera de emulsão de
Chacaltaya. Esses eventos foram comunicados em vários Congressos
Internacionais, tais como: Mírim, Jaipur (Índia), em
1963; Açu, Calgary (Canadá), em 1967; Guaçu,
Hobart (Tasmânia), em 1971; Centauro, Denver (Colorado,
USA), em 1973; Mini-Centauro, Plovdiv (Bulgária), em
1977; Geminion (Delaware, USA), em 1978; Chiron (Wisconsin,
USA), em 1981. Alguns desses eventos foram confirmados por
grupos de físicos de várias partes do mundo que trabalham com
câmeras de emulsão e expostas, por exemplo, na montanha Pamir
(URSS), e nos montes Fuji (Japão) e Kambala (China). Também
alguns desses eventos foram observados em aceleradores de
partículas, conforme o Nobel de Física (1984) que Carlo Rubbia
anunciou, em Kyoto (Japão), em 1985.
Este
trabalho científico de Lattes proporcionou-lhe grandes honrarias
tanto no Brasil como no exterior. Dentre elas, destacam-se o
título de “Cavaleiro da Grande Cruz”, outorgado pela
Ordo Capitulares Stellae Argentae Crucitae (1948); Prêmio
Einstein, da Academia Brasileira de Ciências (1951); o
Prêmio Ciências, do Instituto Brasileiro de Educação,
Ciência e Cultura (1953); o Prêmio Evaristo Fonseca Costa,
do Conselho Nacional de Pesquisas (1957); Cidadão Honorário
da Bolívia (1972); a Medalha Carneiro Felipe, do
Conselho Nacional de Energia Nuclear (1973); a Medalha dos 25
anos da SBPC (1973); o Prêmio Moinho Santista –
Física
(1975); a Comenda Andrés Bello, outorgado pelo Governador
da Venezuela (1977); o Prêmio Bernardo Houssay, da
Organização dos Estados Americanos (1978); o Prêmio em Física,
da Academia de Ciências do Terceiro Mundo, sediada em Trieste,
Itália (1987); a Medalha dos 40 anos da SBPC (1988); a
Medalha Santos Dumont (1989); e o Símbolo do Município de
Campinas (1992). Era Membro de diversas instituições
científicas: União Internacional de Física Pura e Aplicada,
Conselho Latino-Americano de Raios Cósmicos, Academia
Brasileira de Ciências, e das Sociedades de Física
(brasileira, alemã, americana, italiana e japonesa). Além dessas
honrarias, César Lattes é nome de logradouros (ruas e prédios)
em algumas cidades brasileiras, foi Doutor Honoris Causa, da USP
e da UNICAMP (nesta, foi, também, Professor Emérito), possui
verbetes a ele dedicados nas Enciclopédias: Britânica,
Delta Larousse, Delta Universal e Gênios da
Humanidade, de Isaac Asimov, e é citado no livro
Twentieth Century Physics, Volumes I, II, III, editado por
L. M. Brown, A, Pais e Sir B. Pippard (Institute of Physics
Publishing e American Institute of Physics Press, 1995).
Registre-se que o CNPq prestou-lhe uma grande homenagem ao
cadastrar os cientistas brasileiros com o
curriculum vitae
escrito na plataforma
Lattes.
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Título: Física
Médica: Passado, Presente e Futuro
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Palestrante:
Prof. Dr. Oswaldo Baffa
Filho (DFM
- FFCLRP - USP)
A divisão do
saber em diferentes áreas como a Física, Química, Matemática,
Biologia, etc... é um fato recente. Para os antigos gregos, a
natureza era
chamada de physis, de onde vem a palavra física. Isso foi assim
até a
Renascença, quando se preferia usar o termo filosofia natural.
Grandes
cientistas e filósofos do passado fizeram importantes
contribuições tanto na
área biológica quanto nas ciências exatas, dentre os quais
Aristóteles, Da
Vinci, Galvani, Volta e Helmholtz. A área de Física Médica
contempla as
aplicações da Física na medicina para a terapia e diagnóstico
por
metodologias a procedimentos físicos. Nessa palestra faremos uma
apresentação das aplicações clássicas da física como o
diagnóstico por
imagens de raios x, radioterapia, imagens por radioisótopos até
temas mais
recentes como biomagnetismo, imagens por ressonância magnética
(anatômicas e
funcionais) e estimulação magnética transcraniana.
Volta
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